Analisa-se o manual da Campanha da Fraternidade da CNBB de 2008, contextualizando a atuação da Igreja Católica na esfera pública. O tema "Fraternidade e defesa da vida" foi criado como reação não só ao esforço do Ministério da Saúde e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres para recolocar o aborto como problema de saúde pública, e alterar a legislação, como também à geração de embriões na reprodução assistida e uso de excedentes para produzir célulastronco. A pesquisa com células-tronco e o debate sobre a legalização do aborto são processos independentes liderados por atores sociais distintos (comunidade científica e movimento de mulheres). A Igreja é ator fundamental, aglutinando as controvérsias. O conceito de "vida"é chave na retórica que desliza entre o discurso científico e o religioso.
Cet article propose une analyse du manuel de la Campagne de la Fraternité de la CNBB (Conférence Nationale des Archevêques du Brésil) 2008, en contextualisant l'action de l'Église Catholique dans la sphère publique. Le thème "Fraternité et défense de la vie" a été créé comme une réaction non seulement à l'effort du Ministère de la Santé et du Secrétariat Spécial de Politiques pour les Femmes, pour remettre l'avortement comme un problème de santé publique et modifier la législation, ainsi que la génération des embryons dans la reproduction assistée et l'utilisation des excédents pour produire des cellules souches. La recherche avec des cellules souches et le débat sur la légalisation de l'avortement sont des processus indépendants menés par des acteurs sociaux distincts (la communauté scientifique et le mouvement de femmes). L'église est l'acteur fondamental, agglutinant les controverses. Le concept de «vie» est fondamental dans la rhétorique qui existe entre le discours scientifique et le discours religieux.
The paper analyzes the handbook of the 2008 Fraternity Campaign, promoted by the National Conference of Brazilian Bishops (CNBB), and contextualizes the Catholic Church's action in the public sphere. The theme "Fraternity and defense of life" has emerged as a reaction to not only the effort by the Health Ministry and the Special Office of Women Policy to redefine abortion as a public health problem, and change legislation accordingly, but also to in vitro fertilization and the use of supernumerary embryos for stem cell generation. Stem cell research and the debate on abortion legalization are independent processes led by different social actors (the scientific community and women's movement). The Church is a leading and aggregating actor in this controversy. The concept of "life" is key to this debate, sliding between religious and scientific discourses.