O desenvolvimento de técnicas voltadas ao prolongamento da vida acarretou mudanças significativas na concepção de morte. Este artigo analisa as representações contemporâneas da "morte natural" e sua relação com o uso de tecnologias médicas. Através de revisão bibliográfica, são examinadas as concepções de "morte natural" e de "morrer bem" construídas pelos diversos atores sociais envolvidos no processo do morrer. A literatura evidencia a construção contemporânea de um ideário e de uma trajetória necessários à realização do modelo da "boa morte". Esse modelo do "morrer bem" é construído em contraposição ao uso de técnicas para o prolongamento da vida. Estudos apontam a complexidade e ambivalência presentes no que seriam a morte natural ou não-natural, pois essas representações se encontram imbricadas com a concepção da "boa morte" como escolhida e produzida pelo doente. Deste modo, a tecnologia médica torna-se intrinsecamente constitutiva do "morrer natural".
The development of techniques to prolong life has brought significant changes in the conceptualization of death. This article analyzes contemporary representations of "natural death" and their relationship to the use of medical technologies. Based on a literature review, the article examines the concepts of "natural death" and "dying well" constructed by the various social actors involved in the process of dying. The literature reveals the contemporary construction of a necessary set of ideals and pathway for achieving the model of a "good death". The "dying well" model is constructed in opposition to techniques for prolonging life. The studies point to the complexity and ambivalence of what is presented as "natural" versus "unnatural" death, since such representations are intertwined with the concept of a "good death" as that which is "chosen and produced" by the patient. Thus, medical technology becomes intrinsically constitutive for a "natural death".