A supervalorização da aparência física é acompanhada pelo crescimento de uma medicina da beleza. Neste estudo investiga-se como a Cirurgia Plástica Estética aborda a aparência por meio da análise de discurso das revistas Aesthetic Surgery Journal e Aesthetic Plastic Surgery, em 2003 e 2004. Três categorias foram analisadas: como define seu objeto de estudo; em que padrões de beleza baseia a intervenção; e como explica a demanda pela cirurgia. A racionalidade que sustenta o discurso é a biomédica, que se estrutura em torno de uma teoria das doenças e de uma construção dual entre normal e patológico. Os padrões de beleza constroem-se com base em normas biológicas e de estudos antropométricos, e não de normas sociais de beleza. A motivação para as intervenções estéticas proviria de uma baixa auto-estima, naturalizada, resultante da desconformidade do corpo em relação às normas. No sentido emprestado à medicalização neste estudo, conclui-se que há uma apropriação de variações ou anomalias da aparência física pela racionalidade biomédica, o que permitiria discursar sobre o tema em termos de saúde/doença, normal/patológico.
Concern with body image and medical interventions related to physical beauty has greatly increased in the past few years. The purpose of this study is to investigate how medicine is dealing with the theme of beauty. The 2003/2004 editions of the periodicals Aesthetic Surgery Journal and Aesthetic Plastic Surgery were analyzed, in order to investigate the rationality buttressing their discourse. Three categories were prioritized for this study: definition of aesthetic plastic surgery's study object; beauty patterns guiding interventions; and understanding popular demand for aesthetic corrections. Discourse is sustained by biomedical rationality, structured around a disease theory and a dual construction between normal and pathological, with emphasis on biology. In the articles, the beauty patterns guiding therapeutic practices are anchored in biological norms defined through several anthropometric measures, which refer to abstract concepts of beauty, harmony, proportionality and symmetry. In this discourse, there are no references to patterns or to social norms of beauty; motivation for aesthetic intervention appears to be rooted in low self-esteem related to the aging process or to some bodily nonconformity. As per the meaning of 'medicalization' adopted herein, biomedical rationality appropriates variations or anomalies of physical appearance, thus allowing the theme to be dealt with in terms of health and disease, normal and pathological.
La supervalorización de la apariencia física acompaña el crecimiento de una medicina de la belleza. En este estudio se investiga de qué modo la Cirurgía Plástica Estética aborda la apariencia física por medio del análisis de discurso de las revistas Aesthetic Surgery Journal y Aesthetic Plastic Surgery en 2003 y 2004. Se analizaron tres categorías: cómo definen su objeto de estudio, en que padrones de belleza basan la intervención y cómo explican la demanda de cirurgía. La racionalidad que sustenta el discurso es la biomédica, estructurada en torno de una teoría de las enfermedades y de una construcción dual entre normal y patológico. Los padrones de belleza se construyen a partir de normas biológicas y de estudios antropométricos y no de normas sociales de belleza. La motivación para realizar intervenciones estéticas se refiere a problemas de baja autoestima naturalizada, resultante de la disconformidad del cuerpo en relación a las normas. A partir del concepto de medicación según este estudio, se concluye que hay una apropiación de variaciones o anomalías de la apariencia física por la racionalidad biomédica; lo que permitiría discursar sobre el tema en términos de salud-enfermedad, normal-patológico.