Este artigo analisa a construção do modelo a partir do qual vem se baseando o currículo das faculdades de medicina nas Américas e na maioria dos países europeus. Críticas que vêm sendo feitas a esse modelo são identificadas na reformulação curricular do curso de medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF). A análise do documento de reformulação curricular da UFF, de 1992, bem como sua comparação com o currículo anterior, à luz da história do modelo biomédico, da teoria curricular e da epistemologia de Ludwik Fleck, aponta em que medida essa reformulação significa uma alternativa ao modelo biomédico de formação dos médicos, ao reducionismo do ser humano ao seu organismo biológico. O novo currículo - com um aumento de 25% da carga horária e a introdução de grande número de aulas práticas, desde o início do curso -, apesar de ainda estar centrado nos aspectos biológicos, já se volta para uma formação mais humanista e se propõe a questionar as "verdades científicas".
This work reviews the model used as basis for the curricula of medical universities in North and South America as well as in most European countries. Some criticism about this model is identified on the curricular reformulation of the medicine course of Universidade Federal Fluminense (UFF). The review of the document about curricular reformulation of UFF, from 1992, as well as how it compares to its previous curriculum regarding the history of the biomedical model, the curricular theory, and Ludwik Fleck's epistemology, measures the relevance of this reformulation as an alternative to the biomedical model of forming doctors and to the reductionism of the human being to its biological organism. The new curriculum - with a 25% raise in credit hours and the inclusion of many new practical classes since the beginning of the course - although still focusing the biological aspects, already shows a more humanist formation and intends to question the "scientifical truths".