Resumo: Mulheres em situação de rua sofrem violações e vulnerabilizações específicas e gendradas. Este estudo tem como objetivo examinar as diferentes manifestações e incidências da violência que as atinge. Foram realizadas nove entrevistas aprofundadas e pesquisa de campo de cunho etnográfico. Violências físicas e sexuais revelaram-se os principais deflagradores para a ida para as ruas, mas não sua causalidade, pois incidiram em vidas já devastadas por violências estruturais e interseccionais. O cotidiano nas ruas mostrou-se corroído por violências explícitas e veladas e pela submissão à violência como modo de sobrevivência. Destaca-se que gênero, raça e pobreza são acionados como autorização para a violência sobre os corpos e subjetividades dessas mulheres.
Abstract: Homeless women suffer specific and gendered violations and vulnerabilities. This study aims to analyze the different manifestations and incidences of violence that affects them. We conducted ethnographic field research as well as nine in-depth interviews. Physical and sexual violence proved to be the main triggers for going to the streets but not its main cause, since they took place on lives already devastated by structural and intersectional violence. Daily lives on the streets revealed itself as well-worn by explicit and veiled violence and by the submission to violence as a way of survival. It is worth stressing that gender, race and poverty are enacted as authorization for violence on these women’s bodies and subjectivities.
Resumen: Las mujeres sin hogar sufren violaciones y vulnerabilidades específicas y conformadas por desigualdades de género. Este estudio tiene como objetivo examinar las diferentes manifestaciones e incidencias de la violencia que afecta esas mujeres. Fueron realizadas nueve entrevistas en profundidad e investigación de campo de carácter etnográfico. Los datos mostraron que la violencia física y sexual fue el principal factor desencadenante para la situación sin hogar, pero no su causalidad, ya que afectó vidas ya devastadas por la violencia estructural e interseccional. La vida cotidiana en las calles se há mostrado corroída por la violencia explícita y velada y por el sometimiento a la violencia como forma de supervivencia. Es de destacar que el género, la raza y la pobreza funcionan como autorización para la violencia sobre los cuerpos y subjetividades de estas mujeres.