Este artigo é um estudo teórico sobre a "doença dos nervos" como um sofrimento incorporado e suas repercussões nas práticas de cuidado em saúde. O corpo, sendo disciplinado através das relações de poder e da institucionalização de normas e condutas sociais, expressa a materialização do sofrimento advindo das condições de vida. A maioria das práticas de cuidado na atenção básica é permeada pelos conceitos, significados e crenças que os profissionais e usuários têm acerca da saúde, doença, corpo e sofrimento. O foco somente no sintoma contribui para que os aspectos políticos e socioculturais presentes nas queixas fiquem dissimulados, além de ser funcional para a manutenção do modelo biomédico. Contudo, as práticas de cuidado em saúde podem ser inócuas quando não trazem à baila discussões políticas e politizadoras nos serviços de saúde. Há necessidade de incluir no cotidiano dos serviços um espaço de discussão sobre esses temas.
This paper is a theoretical study on Nerve Disease as an incorporated suffering and its impact on the practice of health care. The human body while being disciplined through power relations and institutionalization of social standards and behaviors expresses the materialization of suffering originating from living conditions. Most practices in primary health care are permeated by concepts, meanings, and beliefs that health professionals and users have about health, disease, the body and suffering. Focusing only on the symptoms contributes to the fact that the political, socio-cultural aspects present in the complaints are hidden as well as being functional for the maintenance of the biomedical model. However, health care practices may be harmless when political and politicizing discussions in health services are not mentioned. Therefore, there is the need to include in the daily life of services an area of discussion on these themes.