Resumo: Atingidos pela sofisticação dos mecanismos de flexibilização e controle do trabalho, os sindicatos enfrentam talvez o maior desafio ao seu poder coletivo de sua história. Este texto pretende trazer argumentos para o debate sobre esta “crise do sindicalismo”, a partir de uma perspectiva analítica (de “recursos de poder”) que valoriza esforços de ressignificação de práticas de resistência, coletivismo e solidariedade, em nível nacional e internacional, e vê nesse contexto pandêmico (anos 2020 e 2021) uma oportunidade para a recomposição de seus repertórios de ação coletiva (Alonso, 2012; Schmalz et al., 2018). A referência empírica é a experiência sindical metalúrgica de um setor industrial brasileiro com predomínio de empresas transnacionais, considerando sua capacidade de responder, de forma proativa, às ameaças ao seu poder consolidado, ao longo das últimas seis décadas, no ABC paulista. Os dados utilizados têm como base sete entrevistas gravadas (online) com lideranças sindicais metalúrgicas, realizadas em 2020 e 2021, e um levantamento, pelo método da raspagem de dados, de temas extraídos do jornal Tribuna Metalúrgica, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Abstract: Affected by the sophistication of labor flexibilization and control mechanisms, unions face perhaps the greatest challenge to their collective power in their history. This text intends to bring arguments to the debate on this “crisis of unionism”, from an analytical perspective (of “power resources”) that values efforts to re-signify practices of resistance, collectivism and solidarity, at the national and international level, and which sees in this pandemic context (2020 and 2021) an opportunity for the recomposition of its repertoires of collective action. (Alonso, 2012; Schmalz et al., 2018). The empirical reference is the metallurgical union experience of a Brazilian industrial sector with the predominance of transnational companies considering their ability to respond proactively to threats to their consolidated power over the last six decades in São Paulo’s ABC. The data used are based on seven recorded interviews (online), conducted in 2020 and 2021, with metallurgical union leaders and a survey, by the method of scraping data, of topics extracted from the newspaper Tribuna Metalúrgica of ABC Metalworkers Union.