Resumo O artigo analisa, por meio de uma pesquisa exploratória, o trabalho de brasileiros em plataformas globais de inteligência artificial (IA), especialmente Appen e Lionbridge, no sentido de destacar o papel da comunicação e da produção de dados para a IA, delineando condições e complexidades do trabalho, enquanto um "chão de fábrica da inteligência artificial". Para isso, a partir de entrevistas com trabalhadores e observações em grupos de WhatsApp e Facebook, chegamos a cinco categorias predominantes: processos de contratação, acompanhamento do tempo e dificuldades na comprovação das horas trabalhadas, falta de confiabilidade da infraestrutura, estratégias de trabalho e definição de trabalho, e compreensão da IA. Com base na análise, sustentamos que, ao contrário de um universalismo, há uma geopolítica no trabalho em plataformas de IA, em um colonialismo por meio da IA. Destacamos as condições materiais de produção de dados e o papel da comunicação entre trabalhadores como solidariedades emergentes e complexas, enquanto fissuras e brechas, a fim de construir estratégias para lidar com o trabalho em plataformas de IA.
Abstract The article analyzes Brazilians' work in global artificial intelligence (AI) platforms, especially Appen and Lionbridge, through exploratory research. We highlight the role of communication and data production for AI, outlining labor conditions and complexities as the factory floor. Thus, we interviewed workers and conducted observations in WhatsApp and Facebook groups. We divided the findings into five categories according to workers' perception: hiring processes, time tracking and difficulties proving hours worked, lack of infrastructural reliability, work strategies and definition, and, finally, understanding of AI. Contrary to digital labor universalism, there is geopolitics in AI platform labor. The material conditions of data production and the role of communication among workers stand out as emerging and complex solidarities, as fissures and cracks, to devise strategies that deal with AI platform labor.
Resumen El artículo analiza, a través de una investigación exploratoria, el trabajo de los brasileños en plataformas globales de inteligencia artificial (IA), especialmente Appen y Lionbridge, con el fin de resaltar el papel de la comunicación y la producción de datos para la IA, describiendo las condiciones y complejidades del trabajo, como un "piso de fábrica de inteligencia artificial". Para tal, a partir de entrevistas a trabajadores y observaciones en grupos de WhatsApp y Facebook, se llega a cinco categorías predominantes: procesos de contratación, seguimiento de tiempos y dificultades para acreditar horas trabajadas, falta de confiabilidad de la infraestructura, estrategias de trabajo y definición del trabajo, y comprensión de la IA. Del análisis sostenemos que, al contrario del universalismo, hay una geopolítica en el trabajo en plataformas de IA, en un colonialismo por medio de la IA. Destacamos las condiciones materiales de la producción de datos y el papel de la comunicación entre trabajadores como solidaridades emergentes y complejas, como grietas y roturas, con el propósito de construir estrategias para afrontar el trabajo en plataformas de IA.