resumo A uberização do trabalho é analisada por meio de duas teses: 1) trata-se de uma tendência global em curso de consolidação do trabalhador em um autogerente subordinado disponível, desprovido de garantias e direitos, definido como trabalhador just-in-time; 2) as empresas se apresentam enquanto mediadoras, quando, em realidade, operam novas formas de subordinação e controle do trabalho; trata-se do gerenciamento algorítmico do trabalho. A discussão baseia-se em resultados de pesquisa empírica com revendedoras de cosméticos e motofretistas, além de dados secundários sobre motoristas de Uber e os chamados bike boys. Compreendendo-se a uberização como um novo tipo de informalização, é discutido como esta envolve uma generalização de características tipicamente femininas e periféricas do trabalho, conferindo uma nova visibilidade a elementos que estruturam o viver de trabalhadores e trabalhadoras da periferia.
abstract The uberization of work is analyzed from two main viewpoints: 1) It can be understood as an ongoing global trend, that consolidates workers as disposable, subordinated self-managers, defined here as just-in-time workers; 2) Companies present themselves as mediators, when, in reality, they are establishing new forms of subordination and labor control, defined here as algorithmic management of work. The discussion is based on the results of empirical research with cosmetics resellers and motorcycle couriers, in addition to secondary data on Uber drivers and so-called bike boys. Uberization is analyzed as a new type of gig work and as a generalization of typically feminine and peripheral features of work, giving a new visibility to elements that frame the everyday lives of workers in the outskirts of big cities.